Os meus tempos no Areia

A Professora Leda Figueiredo Rocha do Lago publicou nesses dias (maio de 2020) um texto muito interessante sobre os Comerciantes do Areia, seguindo uma proposta de resgatar as histórias maravilhosas vividas pelas pessoas em Poxoréu. Eu concordo que realmente existe uma riqueza de histórias a seren resgatadas, porque o tempo apaga de nossa memória aquilo que não registramos.

Já registrei muitas histórias de Poxoréu, as quais publiquei ao longa de minha existência nesta cidade, desde fevereiro de 1977. Publiquei nos jornais estudantis A Seiva e A Gazeta do Estudante. Publiquei, também, nos jornais da cidade: A Voz de Poxoréu (do Prof. João de Sousa) e no Correio de Poxoréu, nas publicações da UPE – União Poxorense de Escritores, nos livros, revistas e jornais, bem como nas minhas publicações virtuais.

Em relação aos meus tempos no Areia, ainda mantenho vivas algumas histórias. Tentarei resgatá-las nessa página.


Izaias Resplandes de Sousa, escritor mato-grossense, advogado e professor é membro da União
Poxorense de Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, MT

Silêncio, tape a boca e use máscara!

Vivemos em um ambiente de hospital. Os profissionais da saúde sofrem diante da impotência para tratar os casos de COVID-19 que não param de aumentar a cada dia, porque ainda que possuam meios para curar muitas doenças, eles ainda não sabem como curar ou evitar essa morbidade. Os profissionais choram calados com os gritos de desespero das famílias que vêem seus entes queridos serem ceifados pela doença. Mas sabem que não podem se desesperar também. Profissional de saúde geme, mas não chora.

As autoridades que lideram o Brasil e suas unidades federadas precisam agir como os profissionais de saúde. Precisam ter a cabeça fria para se manterem no controle da pandemia. Em um momento como esse, discutir se a responsabilidade é federal, estadual ou municipal não resolve absolutamente nada. Todas as autoridades devem dar o seu melhor para trazer soluções no combate ao mal. E, embora em situação rotineira possamos ter inúmeras preocupações administrativas, legislativas e judiciárias, em uma situação de emergência como essa, todos os esforços deveriam ser canalizados para a área de saúde, seja no atendimento ou seja na pesquisa de formas de cura e prevenção.


Izaias Resplandes, escritor mato-grossense, advogado e professor é membro da União Poxorense de Escritores e do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, MT

No Tempo das Pessoas

Ninguém muda ninguém. O máximo que se pode alcançar é motivá-lo à mudança. Também ninguém muda sozinho e, quando mudam, não o faz pelos outros, mas por si mesmo. É possível que estas verdades sejam inequívocas, embora passiveis de contradições, conforme circunstâncias distintas. E como compreendê-las em tempos que a mudança exige pressa? Ou mudamos nossos hábitos ou apressamos carregá-los para a tumba. Não nos parece um caso de “salve-se quem puder”, mas salvos aqueles que desenvolverem hábitos de mudança para um “novo normal”.


Gaudêncio Filho Rosa de Amorim: Poeta, escritor e compositor filiado a União Poxorense de Escritores – UPE e ao Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu – MT, autor do livro Prefeitos de Poxoréu, Biografia (2016) entre outros

Um preito aos pedagogos

Dia 20 de maio é o nosso dia, meu caro Pedagogo e minha querida Pedagoga. Ao escolher essa profissão tão importante para a formação educacional de nossas crianças e também dos nossos jovens e adultos, você demonstrou o seu grande afeto pela raça humana. Você veio ao mundo da formação trazendo os fundamentos e os alicerces para todas as áreas do conhecimento humano. O ABC e o Beabá podem parecer muito pouco, mas eles são peças fundamentais na estrutura do conhecimento humano. Sem esses dois elementos, não tem escrita, não tem leitura, não tem sistematização do conhecimento acumulado, tornando as possibilidades de avanço em âmbitos mais profundos muito limitadas.

O dia 20 de maio de cada ano, através da Lei Federal nº 13.083, de 8 de janeiro de 2015, foi instituído no calendário oficial para ser comemorado como o Dia Nacional do Pedagogo no Brasil, pela então “Presidenta da República” Dilma Rousseff. 


Izaias Resplandes de Sousa, escritor mato-grossense, advogado, pedagogo e
professor de Matemática aposentado é membro do Instituto Histórico e Geográfico
de Poxoréu e da União Poxorense de Escritores.

A Capacidade de análise

A formação positivista da cultura brasileira, salvo raras exceções, termina por ratificar tudo aquilo que é produto e secundarizar quase tudo que é processo, talvez por isso, as aulas de história nas escolas do país, guardadas as proporções, sejam tão enfadonhas.  As pessoas estão focadas no resultado, na informação estanque, no conhecimento enlatado, com preponderância para as narrativas de mão única, “sem genéricos” ou quaisquer similares que possam facultar o contraditório e o enriquecimento de um debate de visões múltiplas capaz de filtrar sua essência. Parece que este fenômeno se incrustou na história como um dever-ser face da herança francesa Comtista propagada pelos intelectuais da república, dentre eles, os célebres Raimundo Teixeira Mendes e Benjamim Constant, imortalizados pelo seu “ordem e progresso”  na Bandeira Nacional.


Leia o Artigo na Integra:

Gaudêncio Filho Rosa de Amorim: Poeta, escritor e compositor filiado a União Poxorense de Escritores – UPE e ao Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu – MT, autor do livro Prefeitos de Poxoréu, Biografia (2016) entre outros. 

Se esta rua, se esta rua…

As ruas, quando bem observadas, contam a história de uma cidade. Sempre que leio os romances de Jorge Amado, por exemplo, eu me sinto como se estivesse andando pelas cidades baianas, tal o primor de detalhes em seus escritos. Querendo caminhar por essa linha, por muitas vezes, saí pelas ruas de Poxoréu, fotografando as casas e tomando notas do que via. Entre um e outro daqueles passeios, observava que algumas casas antigas haviam sido derrubadas e novas sido erguidas no mesmo local; outras, eram apenas reformadas, recebendo uma nova pintura. O comércio, quase sempre sofria mutações com o passar do tempo. Casas comerciais abriam e fechavam. Às vezes até as grandes lojas chegavam na cidade. Mas, como o comércio era fraco, logo fechavam suas portas e iam embora. No entanto, deixavam as marcas de sua passagem na cidade.

Eu gosto de escrever sobre as ruas da cidade. E ainda que possa parecer um escrito repetitivo, não é, porque não existe nada mais volátil do que a paisagem de uma cidade.

Essa narrativa retrata um pouco da história da Avenida Brasília, sob a ótica do início do ano de 2020.


Izaias Resplandes de Sousa, escritor mato-grossense, advogado, pedagogo e
professor de Matemática aposentado é membro do Instituto Histórico e Geográfico
de Poxoréu e da União Poxorense de Escritores.

COMERCIANTES DO AREIA

O Areia era movimentado em todos os sentidos, gente hospitaleira, acolhedora e comércio estruturado. A área comercial também não deixava a desejar, havia de tudo. Naquela época, Sr. Trajano Matos, o maior empresário, tinha um caminhão Mercedes Benz, novo, que Joel, seu filho, buscava mercadorias em Campo Grande. Abastecer o comércio era primordial, porque com a grande clientela que principalmente aparecia nos finais de semana, era necessário ter produtos no bolicho, bom atendimento e um caderninho para anotar os fiados, isto os comerciantes tinham de sobra.


AS LAVADEIRAS DO AREIA

Assim como o bairro Areia se despontava por conta dos muitos prazeres e alegrias que o povo dali pôde desfrutar, não se pode deixar de mencionar as lavadeiras, mulheres trabalhadoras. No Bairro Areia, havia muitas mulheres que se dedicavam ao ofício de lavagem de roupas. As lavadeiras de roupa existentes no bairro quase sempre iam lavar roupas nas Pedreiras do seu Amarílio. A lavagem de roupas era uma atividade comercial, doméstica, que gerava renda para sustentarem suas famílias.


Duas Novas Composições de Gaudêncio Amorim e Maestro Itapuã

SEPARADOS TAMBÉM SE AMA

Como barco à deriva/sem rumo e sem direção

Nosso amor também desliza/ nas águas do sim e do não

Do jeito que navegamos/sobre as águas tão ligeiras

Vamos acabar caindo/ na próxima cachoeira

Acabar de vez com isso/o meu coração reclama

Pois ele sabe bem disso/separados também se ama.

Querida... Quero a saudade de um amor antigo
                        Mesmo que seja pra sorrir e pra  sofrer.
Querida... Quero as  lembranças de você comigo
                        Porque são elas restinho de você. (Bis)

Como esquecer o beijo/ e o sabor do seu batom

Eu queria preservar/aquele o amor que foi tão bom

Respeitar aquelas juras/de sempre nós queremos

Pra evitar querida minha/de sofrer o que sofremos

Quero que saudade seja/a razão do meu querer

Para que um nunca consiga/sentir raiva de você!

Querida... Quero a saudade de um amor antigo
                        Mesmo que seja pra sorrir e pra  sofrer.
Querida... Quero as  lembranças de você comigo
                        Porque são elas restinho de você. (Bis)

Agora siga sua vida/que eu vou seguir a minha

Com certeza minha ausência/não a tornará sozinha

Se não der pra viver juntos/viveremos separados

Só não quero no meu peito/um coração despedaçado

Eu não sei como será/sem você aqui do lado

Seus carinhos me fizeram/um eterno apaixonado

Querida... Quero a saudade de um amor antigo
                        Mesmo que seja pra sorrir e pra  sofrer.
Querida... Quero as  lembranças de você comigo
                        Porque são elas restinho de você. (Bis)

Olho gordo!

Tem gente que não se enxerga/ onde é que já se viu

Mexer com mulher alheia/pensando que ninguém viu

Tá querendo enfrentar/um baita touro bravio

Que já fez endireitar/aquela curva de rio Tenha cuidado comigo/que é bem curto o meu pavio

Com traição eu não concordo
Por isso tire de mim/o seu olho gordo! (Bis)

Aqui eu bato martelo/Na empreitada m e desenho

Eu tenho a mulher que amo/eu amo a mulher que tenho

Pra defender o que é meu/eu cumpro o meu compromisso

Por isso preste atenção/fique atento sobre isso Nunca me tire do sério/Não me provoque ao enguiço

Com traição eu não concordo
Por isso tire de mim/o seu olho gordo! (Bis)

Em vez da cobiça alheia/da prenda que não é sua

Digo pra tu aprenda/saia do mundo da lua

Quanta mulher desejando/ um lar para ser rainha

Este é o ponto final/Este é o fim da linha

Conquiste a sua mulher/me deixe em paz com a minha

Com traição eu não concordo
Por isso tire de mim/o seu olho gordo! (Bis)

Gaudêncio Amorim: Cientista Político, Poeta, escritor e compositor filiado a União Poxorense de Escritores – UPE e atual presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu – MT. Minha parceria com o maestro (Ozório Ferrarezi) começou em 2014, quando fizemos uma homenagem ao saudoso Tião Carreiro com a presença de sua família (Dona Nair e a filha Marly) no Encontro de Violeiros de Poxoréu. Depois, continuamos com a gravação da musica “A capital da viola“, pelo Trio Viola Raiz, interpretada pela primeira vez em rede nacional pela TV Aparecida. 

Maestro Itapuâ, é autor de centenas de letras e melodias que se tornaram clássicos do cancioneiro sertanejo, a maioria delas, o autor não aceitou os creditos, encontrando em apenas em “A Sementinha”, interpretada por Biá & Dino Franco, sua co-autoria; Co-autor do Classico “Pagode em Brasília”, de Tião Carreiro e Pardinho e ex maestro de nomes como Chico Rey e Paraná; Milionário e Zé Rico, Sula e Roberta Miranda; Rik e Renner, Cesar e Paulino, Trio Parada Dura, Chitaozinho e Xororó e de uma comprida lista de bons artistas. 

CAUSOS E COISAS DE POXORÉU

Todos os lugares tem seus fatos e coisas pitorescas, ou aquelas que são tão simples, mas têm algo que marca a lembrança de forma muito especial. Coisas e fatos que ao serem lembrados, parecem trazer de volta momentos que se foram, porém, são recordados com tamanha precisão, detalhes de cores, movimentos, cheiros, sabores, sei lá mais o quê. Sei apenas, que continuam muito vivos em nossas memórias e a gente gosta de recordá-los.
Todavia, muitos que viveram aquelas histórias se sentem como se o tempo tivesse parado e continuam guardadas num lugar qualquer, basta que seja acionado o botão de nossas lembranças, no primeiro sinal, a luz focará sobre eles e novamente tomarão vidas em nossas mentes e em nossos sentimentos. Tudo isso nos proporciona uma sensação maravilhosa, nos
renova, nos faz sentirmos vivos, nos dá razão para continuar lutando, nos mostra que a felicidade existe, e existe em coisas tão simples que, ás vezes, num determinado momento de nossas vidas não demos a ela o valor merecido. Porém, hoje, com mais maturidade e lucidez, percebemos o quão felizes fomos e somos.

Pensando nisso e por isso, é importante registrar os CAUSOS E AS COISAS DE POXORÉU, registrar para levá-los para a eternidade, para que outros possam aprender com eles, divertir com eles, perceber como se pode ser feliz com eles.

Poxoréu, é um município de origem garimpeira, que tem muitas histórias, muitos causos, muitas coisas e muita gente boa. Gente que enche o peito e se orgulha em dizer; “SOU DE POXORÉU! Registrar os” Causos e as Coisas” de Poxoréu, é mais uma maneira de preservar e difundir nossos valores, nossas raízes.

Causos são narrativas, pertence ao gênero discursivo, que apresenta fatos reais ou fictícios em suas histórias, contadas de forma engraçada, com objetivo lúdico. São conhecidos como causos populares, podem apresentar rimas, trabalhando assim a sonoridade das palavras e já fazem parte do folclore brasileiro.

Então registrar causos, é registrar pequenas narrativas acontecidas em Poxoréu, ou com pessoas de Poxoréu, assim estaremos resgatando e preservando parte de nossa história.

Coisa é tudo o que existe ou que pode ter existência (real ou abstrata). O que pode ser alvo de apropriação: ele possui poucas coisas. O que ocorre; acontecimento: o curso natural das coisas. Falar de coisas de Poxoréu, é falar de objetos, de lugares, de repartições, de entidades e grupos que aqui existiu ou ainda existe.

Nós não seremos eternos, assim como as coisas e os causos também não são eternos. Todavia, registrar os “causos e as Coisas do nosso lugar, é uma forma de eternizá-los, ou pelo ao menos, documenta-los, para que alguém num determinado dia possa saber o que aqui teve, o que existiu, o que aconteceu.