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Livro: O Vale do Córrego da Mata

Livro: O Vale do Córrego da Mata

O tempo passa muito depressa. E ele vai dilapidando as nossas lembranças e as nossas memórias mais queridas. Não adianta a gente dizer que não vai esquecer, porque vai. É bem curioso o fato de que a gente tem mais facilidade para recordar das coisas mais ruins que vivenciamos, do que das coisas boas que não gostaríamos de esquecer. Parece que o ruim marca mais do que o bom. O certo é que, sejam boas ou ruins, as memórias se apagam. E então, venho tentando fazer um registro sistemático das coisas que eu vivi e que ainda recordo. Esse livreto faz parte dessa intenção de resgate.

O Vale do Córrego da Mata é a região que vai desde a nascente desse riacho, até a sua foz com o córrego Barreiro, quando perde o nome. Meu avô Antônio Gomes de Sousa, o Tunico Sousa, morou durante muitos anos nessas terras, que ficaram assim distribuídas: na divisa com o tio Sebastião Teodoro de Freitas, o Sebastião Ambroso, ficava a fazenda de meu pai, Marcelino Argemiro de Sousa, a qual era cortada pelo córrego da Mata, visto que ele ali nascia. Depois de nós, vinha o tio Josias Gomes de Sousa e o tio João Berocam de Sousa, o tio Beró. Depois deles, vinha a sede da Fazenda da Mata, a casa de meu avô, que nós simplesmente chamávamos de “fazenda”.

A partir da fazenda, o vale se alargava. E assim, no mesmo nível ficavam as terras de tio Odílio Carvalho de Sousa (na parte mais próxima da serra da Irara) e tio Irani Gomes de Sousa (casa que foi de tio-avô João Gomes de Sousa (irmão de meu avô) e, depois de tio Irani, foi de José Estêvão de Sousa, o Juquinha. Atualmente, essas terras foram vendidas para uns paulistas.

Após as terras de Odílio havia a casa que foi de tio Josias, de tio Itamário e de tio Lázaro Cainágua. Era uma casa bonita, com rego d’água, monjolo, água na bica, guerobas e pés de café. Andei muito por ali. E depois dela, vinha uma casinha que foi habitada por tio José de Sousa e tia Sebastiana. E, seguindo em frente, chegava-se à casa de tio Belmiro Gomes de Sousa, o tio Belo Sousa.

Na linha paralela, às margens do córrego da Mata, tem até hoje uma casa, onde meu pai e minha mãe moraram por um tempo quando eram casados. Depois, ali funcionou uma escola, onde estudei com o professor Abidom Gomes de Sousa, filho de tio Belo. Havia muitos alunos. Em frente a casa havia um gramado onde jogávamos genipapo verde, no lugar da bola. Quando ele se esbagaçava todo, pegávamos outro e a disputa continuava. Havia uns alunos que vinham a cavalo, porque moravam longe. A merenda era trazida de casa e, muitas vezes era a comida trivial do dia a dia. Eu estudei ali apenas em 1968. Fiz o terceiro ano pela segunda vez. No final de 1968 eu fui estudar em Alto Araguaia, morando com minha tia Marina Cândida de Sousa. Ali, estudei por dois anos, no Ginásio Padre Carletti, o colégio salesiano.

Hoje, a casa da escola é utilizada pelos paulistas, donos da terra, como alojamento de seus funcionários.

Entre o tio Lázaro Cainágua e o tio Belo, também teve uma escola, onde lecionou o professor Manoel Mota. Eu cheguei ir lá algumas vezes com tia Zulmira. Eu era muito pequeno. A casa era de palha e as paredes, de pau a pique. Durante o recreio, os alunos tomavam banho numa grota que passava aos fundos da escola. Nas margens, havia uma moita de bananeiras e, certa vez, eu fiz ali uma arte. Riscando um palito de fósforo que trouxera de casa, pela primeira vez, coloquei fogo nas bananeiras.

E aí se chegava ao córrego Barreiro, o qual tem sua própria história e já é caso para um novo registro.

Espero que a simplicidade do relato não contribua para o seu demérito. Quanto às falhas e omissões, talvez possamos corrigi-las em edições futuras. Não tenho dúvidas que elas existem. Como já disse, as memórias se vão e as lembranças são apagadas. Outros podem se lembrar mais do que eu e também poderão contribuir com esse resgate da trajetória de nossa família no Vale do Córrego da Mata, no município de Torixoréu, MT.

Desejo aos que se decidirem a apreciar esta obra, uma boa leitura.

Poxoréu, MT, 19 de fevereiro de 2022.Izaias Resplandes de sousa, o autor.

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