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Deuzalina Pereira da Silva

Deuzalina Pereira da Silva

Deuzalina Pereira de Oliveira, nome de solteira, nasceu em 10/01/ 1937,natural de Capim Branco-MT, filha de Antônio Pereira de Oliveira e Dona Maria Barbosa de (Jesus) Pereira( Dona Mariquinha), teve como avós maternos: José Barbosa e Maria Micaela Barbosa.

Em Capim Branco a família vivia em meio a muita fartura: tinham boas lavouras e criavam gado. O pai de Deuzalina veio para Poxoréu, pegou muito diamante,juntou muito dinheiro e foi para a Bahia. A mãe, Dona Maria ou Mariquinha como era popularmente conhecida, achou que ele não voltasse. Depois de um ano voltou com os familiares: três irmãs, um irmão e os sobrinhos. Mais tarde, em 1940, a família se mudou para Poxoréo , na influência do garimpo da Raizinha.

A família tinha uma pequena chácara na cidade, que se iniciava na esquina da rua Tancredo Neves e se prolongava até a esquina do Ofertão Materiais para Construção. O terreno ia até às margens rio Areia . A casa da família ficava atrás de onde hoje se localiza o Posto do Bio.

Senhor Antônio, pai de Deuzalina tocava garimpo no local, segundo ela havia várias catras, era buraco para todos os lados. Retiravam se o cascalho que era lavado no Rio Areia. Local onde pegaram muitos diamantes e também onde seu pai foi assassinado em 1944, numa discussão com garimpeiros, por causa de percentagem de diamante. Deixando Dona Mariquinha Viúva com sete filhos para criar: Eucário , Regina ,Agenor , Liberalino , Deuzalina , Ananias e Pedro.

O que é o bairro Areia hoje, na época em Deuzalina morava tinha uma estradinha estreita de solo bem arenoso até chegar à ponte. Na entrada da casa de Deuzalina, havia uma porteira,a região apresentava pouquíssimas casas. Se recorda da família de Seu Lindolfo: avô de Deocleciano, onde ia com frequência ao encontro da amiga Floriza., tinha também o João Preto pai da Dila, Seu Trajano Matos; pai de Laurita; Dona Elvira e Urânia da Diva, filha de Dona Miru, havia ainda o Sr. Pequeno, pai de Dr. Juvenal, ali onde é a casa do Rei do Milho.

A população se iluminava à luz de lamparinas, passava roupa com ferro à brasas, lavava roupa no rio e lá também pegava se água para o consumo doméstico. Anos mais tarde que se instalou uma bica nas margens do Rio Areia, local onde o menino Juvenal, hoje doutor, e seus irmãos pegavam água para vender pelas ruas da cidade. Carregavam a água em latas de vinte litros no lombo de jegues. Poxoréu não tinha energia elétrica. Chegaram aqui dois homens do Rio de Janeiro , um se chamava Roberto. Compraram a terra em frente da atual escola técnica e lá instalaram a primeira usina que passou a fornecer energia elétrica para a cidade. A energia era fornecida até às 22h, isto é, às 10h da noite. Depois desse horário a cidade ficava às escuras. Esse mesmo pessoal instalou o Cine Roma, que depois, antes de irem embora, vendeu para a profª Juracy Macedo e seu esposo.

Além da chácara na cidade, senhor Antônio, o pai de Deuzalina tinha uma propriedade que depois vendeu para o Sr. José Ambrósio; pai do prof. Dorival. Naquela propriedade eles plantavam mandioca, faziam farinha, tiravam cal; isto é, exploravam calcário, criavam gado e cavalo de raça para corrida, as famosas canchas realizadas nas pistas da Raizinha e no local do antigo aeroporto, onde atualmente está o bairro Jardim Poxoréu e a Prefeitura Municipal. O irmão mais velho era quem morava na fazenda, que foi vendida após a morte do pai de Deuzalina.

Em 1943, a irmã Regina se casou com Manoel Silva e Deuzalina foi morar com ela para ajudar a cuidar dos sobrinhos. Conforme relatou Deuza, o cunhado Manoel Silva foi o primeiro a ter

energia elétrica em sua casa. Antes da usina ser instalada, ele pôs luz elétrica na casa, através de motor e trouxe o rádio. Anos mais tarde os homens mudaram e venderam a usina para a prefeitura, desse período em diante a cidade passou a ter energia elétrica o dia todo.

Deuza disse que a irmã Regina era tratada com muito carinho pelo esposo Manoel Dióz . Homem muito calado, uma excelente pessoa e a casa da família era muito movimentada, sempre cheia de gente. Certa vez ela foi passear na Bahia com a irmã e os sobrinhos.. Foram de avião, Saíram de Poxoréu num avião pequeno do cunhado Manoel. O avião era pilotado por César. Daqui foram para Guiratinga e pegaram um avião grande, fizeram escala em Uberlândia, Belo Horizonte e depois Salvador. Ficaram uma semana em Bom Jesus da Lapa, depois foram para Petrolina e de lá pegaram um carro para Lagoa Alegre, onde ficaram por dois meses, em casa parentes de Manoel Dióz, isso nos meses de janeiro e fevereiro de 1950.

O cunhado Manoel Dióz era baiano e veio para Poxoréu-MtT por influência do garimpo . Aqui chegou, pegou muito diamante na Raizinha, investiu o dinheiro e passou a ser diamantário, isto é, comprador de diamantes. Manoel tinha casa, terras e três aviões. Um dos aviões tinha como piloto Antônio Mandu.

Em 1951, após um parto normal, Regina teve complicações e faleceu com tétano. A irmã deixou cinco filhos pequenos: Sutero, César, Suely, Maria Balbina e Maria Dióz. Então, Dona Mariquinha com os filhos Bio e Pedro se mudaram para a casa do genro Manoel Dióz, para ajudar a jovem Deuzalina ( catorze anos) a cuidar das crianças.

Em dezembro de 1967, o cunhado Manoel Dióz Silva foi assassinado em Cuiabá, por um pistoleiro conhecido pelo nome de Mão Branca. Fato que Deuza e os irmão sentiram muito, dado o laço familiar e de amizade que os unia.

A casa de Manoel Dióz e Regina, ficava na rua Bahia, próximo à casa de José de Acrísio. Em frente morava Joaquim Torres e sua esposa Dona Guilhermina, mais na esquina ficava a escola do irmão Prof. João Torres. João Torres era mais forte e alto, enquanto Joaquim Torres era baixinho, gordo e bem pretinho.

A Escola de João Torres era formada por uma sala de aula, no fundo haviam grandes mangueiras, ficava na esquina da rua Bahia com a rua Goiás. Bio , irmão de Deuza, estudou com João Torres.

Segundo Deuzalina, as freiras chegaram aqui em Poxoréu por volta de 1944, a escola começou a funcionar embaixo dos pés de manga e num barracão de palha. A mãe de Deuza cedeu sala na sua casa para darem aula de catecismo aos domingos à tarde, quando iam as irmãs Alzira Bastos e Raimunda. Irmã Alzira era muito enérgica.

Deuzalina estudou o ensino Primário no Externato São José. Irmã Zoé foi uma das suas professoras. Disse Deuza que teve como colegas Eliram, Darci e Urânia. Que as colegas foram para a Capital Cuiabá, a fim de darem continuidade aos estudos, uma vez que a oferta educacional em Poxoréu naquela época ia apenas até a 4ª série primária. Pedro, o irmão de Deuza foi também para Cuiabá, porque o senhor Manoel Dióz providenciou-lhes as condições, assumindo as despesas com os estudos. Por isso, Deuza estudou o primário no Externato e depois estudou no Ginásio Sete de Setembro , até o ano de 1971, quando teve como professora Eurídes Sodré, mulher de Moreno.

Deuza disse que o Externato São José era destaque pela qualidade educacional e pelo alinhamento do uniforme usado pelos alunos. As meninas utilizavam saia azul pregueada, com

suspensório, blusa branca, meias até o joelho. Havia ainda o uniforme de gala, usado em ocasiões especiais: desfile, datas comemorativas e recepção de autoridade que muitas vezes visitavam a escola, o qual era todo branco. Irmã Alzira a diretora, muito enérgica, temida pelos alunos. Ela ensinava a cantar e rezar.

Deuza foi uma jovem moderna e criada com certa liberdade que outras meninas de sua época não tinham. Ela disse que à noite, das 19h às 21h, sempre saía para passear com Mariana, parente de Manoel Dióz. Saiam de casa e andavam da esquina da rua Bahia até a esquina onde atualmente fica a loja A Pecuarista.Ia aos bailes e ao carnaval . Antes de construir o Diamante Clube, o local frequentado era o salão do Sr. Júlio Campos. Frequentava também o cinema. Dona Jove, a mãe de Dr. Edésio e de Anita, tinha uma pensão e costumava ceder o salão da casa dela para a realização de bailes.

Mesmo depois de casada, Deuzalina recebia visitas do ex- cunhado que sempre se colocava à disposição para ajudá-la naquilo que ela precisasse. Se referia a ela chamando-a por Lina e não Deuza. Imperava em Poxoréu a política entre a UDN e o PSD, segundo ela, era uma política cheia de “coisas”.Deuza também participava dos comícios, disse que iam aos comícios em carroceria de caminhões, em Jarudore, Alto Coité, Paraíso do Leste e Aparecida do Leste,se recorda das campanhas políticas de Fernando Correia, de Raimundo Pombo.O irmão Pedro trouxe em casa os seguintes políticos:Ulisses Guimarães, Dante de Oliveira,Gilson de Barros e Bezerra.

Certo dia viu Antônio Mandu; o Manduzinho como era chamado pelos colegas pilotos de aeronaves, não demorou começaram a namorar. Ele estava no hotel juntamente com os pilotos: Maquiole, Vanderley, Sebastião, Sinobilino ,Vicente Celestino e Luís.

Deuza se recorda com entusiasmo os bailes do Diamante Clube. , da festa da 10 mais elegantes e bonitas da cidade: Dalva Nascimento foi a rainha, Lili Spadoni,Floriza ( do Sr. Lindolfo), Levita e Isaltina foram destaque. Falando do comércio, ela se recorda das lojas de Ilda Noleto,do comércio dos Coutinhos:Renato, Joaquim, Manoel e Zezé, do Bar de Serafim, Bar do Baiano,Farmácia do Sr. Amarílio e do Sr. Rochinha,Bar do Moreno,

Em 1952, iniciou a namorar com Mandu.A mãe dela aceitou o namoro. Porém , o irmão Bio, não se agradou. Todavia, casar é destino, como disse Deuza. Ela namorou tantos e foi se apaixonar por alguém como Mandu.

A família de Mandu era de Campo Grande. Lá ele estudou e tirou a BREVÊ. Porém, ele era natural de Caicó-Rio Grande do Norte., filho de José Mandu da Silva e Dona Senhorinha Zelinda Mandu, os pais de Mandu constituíram uma família numerosa., tiveram 12 filhos:Manoel, Josias,José(Deco),Hermínio,Júlio,Sebastião,Joaquim,Antônio Mandu,Maria,Maria Santana,Senhorinha Zelinda e Rita.

Josias morou em Poxoréu por três anos.O casamento de Deuza aconteceu na Igreja São João Batista , no dia 11/04/1953 e a festa foi na casa de Manoel Dióz Silva. Após o casamento, Deuza foi morar na casa da rua Paraíba que atualmente é do Zelito. A mãe e os irmão continuaram morando na casa de Manoel na rua Bahia. Em agosto de 1953, Manoel Dióz se casou com a jovem baiana Josélia Neves da Silva, com quem teve três filhos: Manoel Dióz Silva Júnior,Majoreth, e Margareth.

Em 1955, Deuza se mudou para uma casa em frente ao Cine Roma.Do casamento com Antônio Mandu, Deuzalina deu a luz a cinco filhos, todos de parto normal: Antônio Carlos da

Silva(28/04/1954), Norma Mandu da Silva Vilela(19/02/1956), José Carlos Mandu da Silva(19/03/1958),Noêmia Mandu da Silva (23/03/1960) e Francisco de Assis Mandu da Silva( 05/03/1963).

Apesar de todos os filhos terem nascidos de parto normal, Deuza teve sérias complicações nos partos de Carlos e de Norma, quando a parteira pediu para chamar o médico Dr. João Figueiredo e falou que teriam que tirar os bebês a ferro .Norma nasceu num domingo de Carnaval.Zeca e Noêmia,nasceram de um parto rápido, feito por Dr. João e a enfermeira Júlia do Chico Mamãe;no parto de Chico quem atendeu Deuza foi Dr. Muniz. Anos mais tarde, Deuza foi a Campo Grande e lá fez a laqueadura.

Em 1963, Mandu parou de pilotar, passou a se dedicar aos cuidados do Posto Texaco. Porém, ainda tinha um avião , que vendeu quando foi para Coxim em 1968 e chegando lá comprou outro avião, ele tinha uma verdadeira paixão por aviões e pelo ato de pilotar. Era um piloto admirado por muitos e era muito querido pelos pilotos daquele período, que sempre o chamavam de Manduzinho.

O esposo Antônio Mandu ingressou na vida política e se elegeu duasvezes ao cargo de vereador: em 1962(175 votos) e 1966(244 votos).Em 1968, durante a votação da mesa diretora da Câmara Municipal, ele se elegeu presidente da Câmara., tempos depois, Lindberg Ribeiro Nunes Rocha, ausentou se do município e foi para São Paulo, submeter se a uma cirurgia do olho. Entretanto, quando ficou sabendo que Mandu iria substituí-lo no cargo de prefeito, Lindberg chegou e reassumiu o cargo de prefeito, com isso iniciou-se uma rivalidade política entre eles. Durante muito tempo Mandu apoiou o grupo dos Rochas.

Em 1968, Mandu teve um desentendimento com a esposa Deuzalina, vendeu o avião, vendeu a parte dele no posto para o cunhado Pedro e foi embora para Coxim, MS.; Ficou morando por lá quase um ano. Porém, de vez em quando vinha a Poxoréu, visitar os filhos, nessas ocasiões Deuza e os amigos avisavam para ele ficar por lá porque Ró Coco andava falando que iria mata-lo. Todavia, Mandu , não levava a sério as recomendações e nem tão pouco as ameaças que Rói Coco fazia.

Em novembro de 1969, Mandu chegou ao anoitecer em Poxoréu, foi à casa de Deuza, visitou os filhos e ela mais uma vez recomendou-lhe que tomasse cuidado.

No dia seguinte aconteceu no Diamante Clube a apuração das eleições municipais. Era meio dia, quando Mandu passou pelo Bar Continental, conversou com João Sinval, Sr. Eli Vieira e o Senhor José Carrinho, saiu, conversou com Zezé Coutinho e seguiu, logo em seguida se ouviram tiros em meio aos fogos que celebravam a vitória de Lindberg . O pessoal dirigiu o olhar para a direção dos tiros, inclusive João Sinval e os amigos e lá estava Mandu caído ao chão. Enquanto um homem , com revólver na mão, corria rua abaixo , em direção à rua Minas Gerais, passando pelo Bar Continental, seguiu para a Vila santa Terezinha. Era Rói Coco que havia atirado em Mandu.

Enquanto isso, por volta de meio dia , um funcionário do posto chamou aos gritos por Deuzalina. Ela inicialmente achou que fosse Nadir que estivesse dando à luz ao filho que estava esperando. Mas não. Logo viu que era algo muito sério, dado o tom de desespero do rapaz e a filha Noêmia que também gritava , falando que havia visto o pai passar ensanguentado dentro de um JIPE, indo em direção da ponte do Areia. Naquele momento Deuzalina percebeu que as ameças que Rói Coco vinha fazendo havia se concretizado. O que logo o funcionário confirmou-lhe ao dizer que tinham atirado em Senhor Mandu, e ele já estava no hospital.

Deuzalina se dirigiu para o local. Porém, quando lá chegou , Mandu já estava sem vida.O grande amor de sua vida tinha dado adeus para sempre à Deuza e aos filhos. Carlinho, o filho mais velho estava com 14 anos, Norma com 12, Zeca com 10, Noêmia com 08 e Chico com 05 anos.

Deuzalina estava com 05 anos quando perdeu o pai num assassinato. Com a morte do esposo, ela viu como se um filme estivesse repetindo em sua vida. Principalmente ao ver o desespero dos filhos e ela tendo que buscar forças para confortá – los.

Segundo Deuzalina, Mandu era um homem alegre, festeiro, não deixava faltar nada em casa, havia sempre muita fartura. Presenteava a esposa com belas joias e gostava de ir com ela às festas, era pai e esposo amoroso, carinhoso com as crianças, principalmente com Norma e Carlos. Ele gostava de todos os filhos. Mas, tratava esses dois com mais xodó.

Conforme explicou Deuzalina, antes de ir embora para Coxim, Mandu vendeu a parte dele no posto para Pedro, que passou a ser o sócio de Bio.Deuza, que morava numa casa atrás do Posto, em 1973 mudou se para a casa de Gilbert de Sueli e em 1982 vendeu para Pedro, o irmão de Deuza. Somente em 1983 Deuza foi morar na sua atual casa, projeto elaborado pelo filho Zeca, que na condição de engenheiro civil fez o seu mais emocionante projeto , desenhar a casa de sua mãe, de modo dar lhe conforto e a satisfazer os desejos da casa idealizada e que ele muito bem conhecia.

Deuzalina , em 1951 perdeu a irmã Regina, com quem tinha fortes laços de afeto, visto ser a irmã mais velha, a pessoa que muito lhe ensinou e ajudou , oferecendo lhe conforto, passeios e condições de conviver em meio a alta sociedade da época. Em 1965, perdeu a mãe,mulher forte, trabalhadeira, morreu repentinamente, vítima de infarto fulminante. Em 1967, perdeu re pentina e dramaticamente, através de um assassinato, o cunhado, Manoel Silva, pessoa que deu todo conforto a Deuza e a tratava como uma filha. Diante de tantas perdas de pessoas importantes e queridas, Deuza, a jovem festeira, alegre e independente, se encontrava sem chão, tendo que enfrentar o novo desafio, de ter que superar a perda do marido e criar cinco filhos, sem a ajuda, da mãe, do pai, da irmã e do cunhado. Todavia, Deuza contou com o apoio incondicional dos irmão Pedro e Bio que sempre estiveram ao lado dela. Pois, os filhos se mostravam inconformados, sempre triste e deprimidos, não conversavam, não queriam mais estudar, principalmente Carlos, que chorava muito e depois quando voltou para a escola, ao voltar do colégio, quando chegava em casa, ficava sempre fechado no quarto, Naquele momento, foi importantíssima a presença do mestre Armando Catrana que sabendo dos fatos, e tendo recém chegado a Poxoréu, passou a visitar a família para ajudar , envolvendo as crianças nos projetos que passou a desenvolver na cidade. Por isso, vinha busca-las em casa para ajuda-lo e para participar das atividades , de modo a ocupar o tempo delas, para que não ficassem pensando nos fatos da morte do pai. Armando não só envolvia as crianças nas atividades, ele também visitava a família de Deuza e perguntava a ela como estavam os filhos , se estavam obedientes a ela, se estavam estudando. Isso para ela foi fundamental na educação dos filhos e na superação do vazio que a morte de Mandu deixou na vida das crianças.

Após a morte de Mandu, Bio e Pedro, os irmãos de Deuza tomaram a frente dos negócios, inclusive coube a eles vender o avião de Mandu, que estava no aeroporto de Poxoréu. Meio de transporte que ele usou para chegar na cidade no dia anterior à sua morte.

Deuzalina teve o apoio da família de Mandu e até hoje eles a consideram muito, não se afastaram após a morte de Mandu, continuam unidos e atenciosos com ela.

Os irmãos Bio e Pedro foram fundamentais na vida de Deuzalina, principalmente após a morte do esposo dela, uma vez que ela não se envolvia nos negócios do comércio, quem cuidava de tudo era o marido e o irmão Bio que era sócio.

Com a morte de Mandu, Deuzalina teve que enfrentar o desafio da ausência do esposo e de ser forte diante dos filhos para poder ajuda-los. Porém, ela ficou um ano usando luto. Até que um determinado dia o filho Carlos chegou e lhe pediu para tirar aquilo. Pois, ver a mãe com aquelas roupas tornava mais difícil para ele superar a perda do pai, ele não conseguia ver a mãe daquele jeito.

Com a morte de Mandu,a vida da família mudou totalmente. Deuza estava sempre amedrontada, com receio que alguém abordasse a ela ou aos filhos e tentassem tira-lhes a vida. Sempre que ouvia um barulho ou avistava alguém estranho já se preocupava e foi passando essas preocupações para os filhos, foram seis meses sem ninguém sair de casa. Não deixava que eles fossem para a rua ou a casa de colegas, iam apenas na igreja e na escola.. Só passaram a sair em companhia de mestre Armando. Além disso ainda enfrentavam as dificuldades financeiras. Após a morte de Mandu o padrão de vida da família mudou muito.Ele criou os filhos tendo de tudo e não permitia que eles pedissem dinheiro para os outros. Sempre dava dinheiro em altas quantias para as crianças e pedia a elas que quando precisassem pedissem para ela , mas não pedissem para ninguém na rua. Gostava de ver os filhos sempre limpos e bem vestido, Era muito vaidoso . O filho Carlos tinha apenas 08 anos e já andava de ternos, calçados caros e cintos; Todas as vezes que viajava, ao voltar trazia presente para as crianças. comprava terno e bons calçados e cintos para Carlos e gostava de levar o filho para viajar com ele, e nessas ocasiões deveria estar bem vestido.Deuza disse que ela sempre preparava, isto é, banhava os filhos e os vestia para esperar o pai chegar das viagens.

A alternativa foi por todos para trabalhar. Então, Norma, que era a lavadeira da casa, passou a trabalhar na agência de passagens com a Nair Tunes, na rua Minas Gerais, onde hoje está localizado o mercado do Raul Pinto.

Noêmia era a faxineira da família, levantava bem cedinho, ainda com o escuro para limpar a casa. Naquela época tinha que encerar e bater a enceradeira. Às sete da manhã a casa tinha que estar limpa para depois ir para a escola. Zeca começou a trabalhar no cartório do Sr. Aquilino Souza Silva. Chico passou a vender arroz doce no Posto, para as pessoas que iam lá abastecer os veículos ou comprar óleo para o garimpo e para as lavouras.

A vida é constituída de momentos. Ora bom, ora ruim. Novamente Deuzalina teve que encarar novos momentos de perdas. Em 2003, o filho Francisco de Assis Mandu; o Chico, morreu de repente, com ataque cardíaco, enquanto participava de uma partida de futebol com os amigos em Cuiabá.E em outubro de 2015, morreu o filho Zeca; José Carlos, vítima de câncer.

Anos mais tarde Carlos e Zeca foram para Cuiabá e ficaram hospedados na Pensão de Dona Diouro.As despesas de Deuza e da família eram custeadas com o dinheiro do avião do marido que ela vendeu e deu o dinheiro a juro para um sobrinho. Com a renda que recebia mensalmente ela completava como que os filhos ganhavam e assim criou, educou e sustentou todos os filhos.

Após um ano de luto, Deuza voltou a participar da vida social: bailes, carnaval, festas de São João, formaturas, casamentos, e batizados.Muitas amigas a aconselhavam a se casar novamente, visto que ela ficou viúva jovem, com 33 anos.Porém, Deuza optou por se dedicar a criação dos filhos e não se arrependeu por isso. Todos estudaram, se formaram e constituíram famílias e deram-lhes lindos e bons netos e os netos já deram bisnetos.Filhos de Norma Com Luís Ribeiro Vilela(LU): Antônio Ribeiro Vilela Neto( 29/07/1981) e Maria Carolina Ribeiro Vilela (05/05/1984); filhos de Antônio Carlo e Sandra Nery: Antônio Florêncio Mandu Nery( 06/02/1987), Renata de Carlo Mandu Nery(29/07/1985) e Anna Cala de Carlo Mandu Nery(13/04/1993); filho de Zeca :Rafael Mandu Ferreira(25/01/1984), filha de Chico e Walquíria: Inara Mandu Fonseca Ferreira(13/02/1987),Filha de Noêmia e Edson: Luciana Mandu Martins (30/05/1989). Os filhos de Carlos lhe deram os primeiros bisnetos. Filhos de Antônio Florêncio:Antônio Neto(19/08/2005) e Antonella Figueiredo Lago Nery Mandu( 08/07/2015), filhos de Renata: Antônio Victor(03/08/2011) e Leonardo (20/04/2015).

Dona Deuza disse que com o progresso , muita coisa melhorou. Porém, reclama do comportamento das pessoas, que se entregam ao uso do celular e às vezes num local há muitas pessoas e não se falam uma com as outras, porque se ocupam com o celular e não dão atenção às pessoas.Recomenda que é preciso ter mais amor entre as pessoas. È preciso ter educação e dar atenção aos outros. Principalmente no trato com os idosos, é preciso ter paciência e carinho com eles. Sente -se triste quando vê que há pessoas que parecem ter vegonha de seus velhinho. Disse que a família que tem um velho deve se sentir orgulhosa e amá-lo. O ser humano precisa reconhecer que vale a pena viver a vida. As pessoas precisam dar mais valor à vida, expressar carinho às pessoas que gostam enquanto podem fazer isso. Relembrou que no dia 29 de julho se comemora o dia dos avós e até aquele momento somente uma neta havia lhe parabenizado pela data, quem sabe os outros ligarão mais tarde. Disse ela.

Deuza relatou com emoção os desfiles escolares que participou e falou também do prazer que sentia ao preparar os filhos para os desfile. Disse que anão só ela, mas a população toda gostava de assistir aos desfiles. Hoje fica sentida quando percebe que as pessoas não dão valor a isso. Desejaria muito ver o retorno dessas manifestações culturais.

Atualmente o passa tempo de Deuzalina é orientar nos cuidados com a casa, cuidar das plantas, assistir TV, fazer crochê , palavras cruzadas e ler.Também gosta de visitar e bater papo com as amigas Josélia, Julieta e Mariinha. Além, é claro de passear com a filha Noêmia e a Neta Luciana, pessoas com que Dona Deuza mora.

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