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PAPAGAIO DA TIA BRANQUINHA

PAPAGAIO DA TIA BRANQUINHA

Os bichos são muito sábios e posso provar, pois em Poxoréu havia uma ave que além das várias estripulias, ainda falava muito. Vinha gente de outros bairros para ver a papagaiada dessa avezinha.

Estou falando do papagaio de Tia Branquinha. Tia Branquinha morava na rua Tancredo Neves, bem no final dela, do lado esquerdo, saindo para o Cemitério Municipal. Tia Branquinha era mãe de Jeová e da Dita enfermeira. Ela era dona de um papagaio muito esperto, que ficava sobre o telhado e gostava de xingar as pessoas. O papagaio gostava de toda a vizinhança, mas o amor maior era dedicado à Dona Preta.

 Um dia roubaram o papagaio e tia Branquinha ficou triste, desesperada e se pôs a procurar pelo fujão. Alguém falou para ela que o papagaio estava numa determinada casa. Lá foi tia Branquinha. Quando chegou na casa ela perguntou se o papagaio estava lá e lhe disseram que não. Havia um papagaio todo pelado. Roubaram a ave e arrancaram-lhes as penas para que a dona não o conhecesse. Que bobeira! O papagaio escutou a voz de tia Branquinha e lá de dentro gritou:

-Branquinha, você veio me buscar?

Esse papagaio ficava sempre na porta da casa de tia Branquinha e ali ouvia todas as conversas. Certo dia, ouviu dizer que uma senhora da rua era muito fofoqueira. Determinado dia essa senhora foi à casa de tia Branquinha, ao avistar a dona que se aproximava, o papagaio gritou:

-Corre Branquinha, se esconde que a fofoqueira tá chegando!!

Tia Branquinha ficou morta de vergonha. Não sabia onde enfiar o rosto.

Tia Branquinha dizia ao louro:

– Louro, não é ela a fofoqueira. Você ouviu errado. Mas o papagaio só repetia: É a fofoqueira sim.

O papagaio amava gemada, e tia Branquinha fazia todos os dias para ele. Mamãe também gostava de gemada, disse Sônia. Quando mamãe ia na casa de tia Branquinha, ela oferecia gemada para mamãe. Esse papagaio virava um bicho. Xingava mamãe tudo e dizia lhe:

Odete sua…..está comendo minha gemada. Esse papagaio era impressionante!

O dia em que o marido de tia Branquinha morreu, a casa ficou cheia de gente e o papagaio rodopiava e gritava:

– Não durmo aquiiii! Não durmo aquiii. Tô com medo. Tiveram que tirar o papagaio de lá e levá-lo para outra casa.

Outra vez, disse Sônia, eu lecionava na Escola Pe. César. Estava trabalhando o tema “Aves”, falei aos meus alunos sobre o tal papagaio e lhes perguntei se desejavam conhecê-lo. Todos se interessaram. Quando chegamos lá, o papagaio estava encima do telhado. Quando nos avistou desceu e foi pousar no ombro de tia Branquinha. Nós fizemos um semicírculo e ele olhou de um lado, olhou de outro e com ares de assustado perguntou:

– Quem morreu? Imaginem vocês a cena de espanto e de admiração. Um papagaio falastrão, irônico e cheio de papagaiada.


Leda Figueiredo Rocha do Lago, professora, membro do Instituto Histórico e Geográfico de Poxoréu, MT

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