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O LEBRE E O LANÇA PERFUME

O LEBRE E O LANÇA PERFUME

Na década de 1970, quando cheguei a Poxoréu, os carnavais eram superanimados. Eram dos mais concorridos de Mato Grosso. No Diamante Clube Sociedade Recreativa eram cinco noites intermináveis e quatro matinês.

Havia desfiles pelas ruas, sobretudo liderados pelo bloco dos “Sem Vergonhas”, formado por homens vestidos de mulheres e acompanhados pelos animados bateristas da Escola de Samba “ESTRELA D’ALVA”, liderada pelos foliões: Luís Alves Tremura, professor Djalma (o Coco) e pelo professor Raul Dorileo.

O lança-perfume era o ingrediente que juntamente com as bebidas alcoólicas dava alma às festividades. Era um entusiasmo que contagiava a todos.

O lança-perfume era livre. Não havia nenhuma restrição, a não ser aos menores. Mas estes não frequentavam o clube, a não ser acompanhados pelos ou por um adulto responsável. Depois vieram as proibições. Mas mesmo diante de tais restrições, o lança-perfume não deixou de ser usado intensa e clandestinamente, naquelas noites de euforia geral.

A polícia não fazia um controle rígido. Não entrava no clube, onde o carnaval acontecia entusiasticamente, nem controlava os foliões na entrada.

 João Nogueira, jovem entusiasmado, vendia produtos trazidos do Paraguai. Era um bom mascate. Entre outros produtos sempre uma boa quantidade de lança-perfume.

Para fornecer o produto em um daqueles carnavais, João Nogueira não conseguiu trazê-lo, para atender os seus fiéis carnavalescos João Nogueira, no entanto não se preocupou. Sabia muito bem aonde ir buscar o precioso líquido gasoso que deixava esfuziantes os carnavalescos e dava o tom da euforia. Conhecia muito bem um atravessador em Rondonópolis.

Na quinta-feira, véspera da sexta-feira de carnaval, João Nogueira convida o LEBRE (Manoel dos Anjos Silva, já falecido) e vai até Rondonópolis em busca de lança-perfume, para animar o carnaval naquele ano.

Estrada de Poxoréu a Rondonópolis ainda não era asfaltada e no mês de fevereiro era uma lama só. Gastava-se até três horas para lá chegar. Naquela quinta-feira, João Nogueira, em Rondonópolis fez algumas comparas, inclusive o precioso elixir que inebriava os foliões, até ao extremo.

À tardezinha, João Nogueira já tendo concluído os seus negócios do dia, resolveu retornar a Poxoréu Passou pela Vila Operária e logo adiante percebeu que havia alguns carros parados, no sentido Poxoréu. Logo concluiu que havia algo estranho. Alguns transeuntes a pé seguiam em direção aos seus sítios levando sacolas nas costas. Alguém mais bem informado avisou ao João Nogueira que a polícia estava fazendo “blits” para impedir a entrada de lança-perfume no carnaval de Poxoréu. João Nogueira se apavorou e pensou: “Se eu voltar para ir a Poxoréu, por Juscimeira, poderei chamar a atenção da polícia e poderei ser preso. Seu seguir viagem também poderei ser preso”. De fato, João Nogueira e o Lebre estavam encrencados: “no mato sem cachorro”, “entre a cruz e a espada”, “se correr o bicho pega. “Se ficar o bicho come”.

Foi aí que surgiu o LEBRE com a sua mente iluminada, com a sua criatividade exuberante, com a sua coragem e temeridade inconsequentes virou-se para o João Nogueira e lhe disse: “eu tenho a solução. Na carroceria da caminhonete há um saco vazio. Vou pegá-lo, pôr o lança-perfume dentro, pôr o saco nas costas e seguir a pé pela estrada. E assim o fez. Tranquilamente arregaçou as calças e faceiramente seguiu a pé pela estrada enlameada. Passou pelos policiais que distraidamente velicavam os carros e os passageiros, não perceberam ou não deram bola ao experto contrabandista de lança-perfume, levando o produto proibido.

João Nogueira seguiu o andar lento da carruagem. Foram inspecionados, ele e o carro. Passou com o mais inocente dos transeuntes. João Nogueira e o Lebre continuaram a viagem tranquilos e eufóricos

Na sexta-feira, no carnaval não faltou o clandestino e proibido lança-perfume, para regar a euforia dos foliões.

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